Museu Vivo de São Bento recebe encontro da Remus

DUQUE DE CAXIAS

No último dia 29 de março, no Museu Vivo de São Bento, aconteceu o segundo encontro deste ano da Remus – Rede de Museologia Social do Rio de Janeiro. O evento foi marcado pela presença de diversos representantes dos museus que fazem parte da Remus.
Recebidos pelo professor e historiador Antônio Agusto Braz, pela professora e historiadora Marluce Santos de Souza e pelo professor e museólogo Mário Chagas incentivador e articulador dos museus sociais; foi servido um café da manhã aos convidados.
Depois da chegada da deputada federal Benedita da Silva (PT) e do deputado federal Henrique Vieira(PSOL), a professora Marluce, guia do Museu Vivo de São Bento, levou a todos a fazerem o percurso do museu.
Chegando à casa paroquial, foi feita uma homenagem aos deputados federais Benedita da Silva e Henrique Vieira, pelas emendas parlamentares destinadas ao movimento dos museus sociais do Rio de Janeiro.
O professor e museólogo Mário Chagas defendeu o movimento em prol da memória e do patrimônio, trabalho árduo e fundamental realizado pelos museus sociais. Muito emocionada pela visita que fez ao Núcleo de Memória de Migrantes Nordestinos, que fez lembrar de sua infância, Benedita da Silva que faz parte da Comissão de Cultura da Câmara de Deputados e também fundadora do Museu das Favelas, além do agradecimento pela homenagem recebida, reiterou sua defesa e participação em projetos desse impacto social e cultural no Estado do Rio de Janeiro.
O deputado Henrique Vieira agradeceu a homenagem e a oportunidade de estar num espaço potente e de uma energia incrível e destacou o trabalho realizado pelos museus sociais como resistência e empoderamento dos corpos massacrados que não são contados pela história e também reiterou a continuação desse projeto em prol de um Brasil mais justo.

 

BOX:

O Museu Vivo do São Bento é um Ecomuseu de Percurso. O primeiro instituído na Baixada Fluminense. Foi criado, oficialmente, pelo Executivo Municipal em 03 de novembro de 2008 (Lei de Criação do Museu Vivo do São Bento – Nº 2224 de 2008), no âmbito da Secretaria Municipal de Educação de Duque de Caxias, a partir da reivindicação dos Profissionais da Educação e dos militantes culturais caxienses.
Concebido a partir dos princípios da Nova Museologia, articula a defesa do patrimônio, a intervenção na realidade social, ambiental, econômica e cultural do território e o envolvimento das comunidades locais nessas questões, afirmando e confirmando, portanto, o sentimento de pertencimento e as ações dos sujeitos construtores do seu tempo.
Como um Ecomuseu, o Museu Vivo do São Bento é uma casa onde se guardam e se revelam muitas histórias, e como Museu de Percurso, é visitando o seu território e suas diferentes temporalidades que essas histórias são descobertas.
A partir da existência de um sítio arqueológico de população sambaquiana, pode-se experimentar um pequeno olhar sobre a era pré-cabralina. Com a história de uma fazenda que inaugurou o projeto de colonização lusitana nas cercanias da Guanabara, transformando-se posteriormente em unidade produtiva do Mosteiro do São Bento, no Rio de Janeiro, visita-se o período escravista brasileiro. Conhecendo as ações realizadas pelas comissões de saneamento e as políticas ruralistas instituídas pelo Ministério da Agricultura, em particular a implantação do Núcleo Colonial São Bento, viaja-se até as décadas de 20 e 30, do século passado. E, com as ocupações mais recentes, vive-se, construindo e reconstruindo, o Tempo Presente.
Há mais de 20 anos o atual percurso do Museu Vivo do São Bento é visitado por alunos, professores, moradores, pesquisadores, brasileiros e estrangeiros, que, transitando pelas diferentes marcar deixadas pelos homens realizam um esforço de leitura dos vestígios materiais e do próprio território, decifrando, interpretando e afirmando a importância desses lugares de memória como bens históricos e culturais, como patrimônio a ser preservado.

Rede de Museologia Social do Rio de Janeiro

A Remus-Rj, consolidada no ano de 2013, se organizou a partir de algumas iniciativas pioneiras do campo museal, pertencentes a diferentes regiões do estado do Rio de Janeiro, que atuam no resgate, preservação e difusão da memória coletiva e do patrimônio histórico e cultural das populações e culturas periféricas, indígenas e quilombolas, bem como na defesa dos direitos humanos dessas populações, que são nossas ancestrais no enfrentamento aos silenciamentos e apagamentos produzidos pelas classes dominantes aos longo da história de nosso país. Essas iniciativas pioneiras inspiraram e colaboraram com muitas outras no desenvolvimento e reconhecimento das memórias coletivas que não tinham visibilidade na sociedade. Nasceu, então, da conscientização da relevância das iniciativas e da necessidade de fortalecimento do campo da museologia social, seus atores e sobretudo seus direitos. Em diálogo com o artigo 27 da Declaração Universal de Direitos Humanos e os artigos 13 e 15 do Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, defende o direito à cultura e a memória como indissociáveis à plena realização dos direitos humanos – universais, indissociáveis e interdependentes – e para a construção positiva da identidade cultural da nossa população, impactando na sua participação na vida cultural.
Entendendo e expressando a importância da luta coletiva e da organização da sociedade civil como um meio para superação as desigualdades e as violências que tanto nos afligem, para construirmos uma sociedade com respeito a diferença e a diversidade, e assim conquistarmos a dignidade da vida humana e da natureza em comunhão.
Neste sentido, promover a conexão e a troca de experiências entre pessoas, coletivos, comunidades populares, movimentos sociais e instituições que atuam no campo da memória, do patrimônio e da cultura fazem parte dos objetivos da Remus-RJ, que surge com o intuito de potencializar a memória como fator de emancipação, coesão e transformação social, integrando as diversas iniciativas e narrativas que compõem a dinâmica museal do estado do Rio de Janeiro.
A Carta de Princípios da Remus-RJ mantém no horizonte a construção participativa de um código orientador de valores que sirva de base para nossas práticas coletivas e individuais, visando a melhoria das relações institucionais e pessoais dentro e fora da Remus-RJ.

Rede de Museologia Social do Rio de Janeiro (REMUSRJ) é composta por vários museus, como:
Museu de Artes e Cultura Urbana da Baixada Fluminense
Museu de Favela (MUF)
Museu Multiartes de Belford Roxo
Museu Olga do Alaketu
Museu Social Jongo do Quilombo Quilombá
Museu Social Quilombo do Salgueiro
Museu Vivo da Agroecologia
Museu Vivo da Capoeira de Nova Campina
Museu Vivo das Sementes Crioulas
Núcleo de Memórias do Vidigal
Museu Vivo de São Bento
Museu da Umbanda
A museologia social defende que os museus devem ser espaços de participação e uso comunitário. Assim, as pessoas podem pesquisar, compreender, divulgar e salvaguardar as suas próprias histórias.