Ao sentir a proximidade da morte da avó, uma menina afro-descendente mergulha em
uma viagem em busca da origem, dos costumes e da cultura de seus ancestrais
africanos. Esse é o fio condutor do espetáculo infanto-juvenil Ọkàn que, de 15 a 30 de
março, circula por seis municípios do Rio de Janeiro.
Serão seis apresentações pelo projeto SESC Pulsar em Valença, Barra Mansa,
Petrópolis, Niterói, Duque de Caxias e Rio de Janeiro (Ramos).
Ọkàn parte de um ambiente comum à cultura mineira: a estação de trem. Ali, vive a
família que configura o núcleo principal da história: a avó, o pai e a neta. Uma família
humilde que retrata bem a realidade afro-brasileira: a tradição da cultura oral, a sabedoria
no manejo das ervas, o afeto no trançar dos cabelos, a religiosidade sincrética.
Criada, encenada e produzida pelo grupo mineiro Teatro da Pedra, a peça surpreende ao
tratar temas como ancestralidade, pertencimento e cultura afro-diaspórica com
delicadeza. Nela, o elenco elabora jogos corporais que constroem imagens pelo espaço
do palco e da memória dos espectadores.
O cenário, composto por blocos de madeira que se transformam ao longo do espetáculo,
remete às tradicionais estações de trem do interior de Minas Gerais, que serviram de
inspiração para a ambientação da história. O figurino opta pelos tons terrosos, em alusão
à terra e às raízes das quais os personagens são compostos.
Um elemento central em Ọkàn é a musicalidade. As paisagens sonoras e as partituras
musicais executadas ao vivo criam a atmosfera das cenas e trazem ritmos e
instrumentações da cultura africana, deixando a obra viva e colaborando para o resgate
da memória sensorial e afetiva dos espectadores.
O resultado é pura poesia: um encontro emocionante com uma cultura ancestral que,
mesmo dilacerada pela violência da colonização, ainda pulsa no coração do país.
Empatia e pertencimento
Desde sua estreia, em setembro de 2023, Ọkàn já percorreu 24 cidades de Minas Gerais,
além de ter sido apresentado em festivais internacionais de São Paulo e Havana (Cuba).
“É comovente ver como crianças de diferentes realidades se emocionam ao final do
espetáculo, por se identificarem com as vestimentas das personagens, a religiosidade, a
ligação entre avós e netas”, afirma a atriz Elis Ferreira, que interpreta a menina
afro-descendente.
Segundo o diretor do espetáculo, Juliano Pereira, essa forte relação de empatia entre a
obra de arte e o público é a grande marca de Ọkàn. “As crianças percebem que a busca
da personagem por sua origem é também a de cada uma delas pelas suas histórias, pelo
seu lugar no mundo”, esclarece.
Glossário
O nome do espetáculo, Ọkàn, significa coração, em iorubá, um dos idiomas falados na
região da Costa da Mina, no continente africano, de onde foram embarcados muitos dos
escravizados trazidos para o Brasil.
Já o símbolo gráfico da montagem é o ideograma africano Sankofa, que sintetiza a
relação do ser humano com sua ancestralidade. Sua representação é a de um pássaro
que caminha para frente, mas sem deixar de olhar para o passado.
Circulação SESC Pulsar
Por meio do projeto SESC Pulsar, Ọkàn será encenado em seis municípios cariocas.
Confira a agenda:
UNIDADE MUNICÍPIO DIA HORÁRIO PREÇO
SESC Valença Valença 15/3 16h gratuito
SESC Quitandinha Petrópolis 16/3 16h de R$5 a R$15
SESC Duque de
Caxias
Duque de Caxias 22/3 15h gratuito
SESC Ramos Rio de Janeiro 23/3 16h de R$5 a R$15
SESC Niterói Niterói 29/3 16h de R$5 a R$15
SESC Barra Mansa Barra Mansa 30/3 15h de R$5 a R$15
Conheça o Teatro da Pedra!
O Teatro da Pedra é um coletivo plural e diverso, formado por artistas e educadores que
vivem de teatro e acreditam no potencial transformador da arte. Com 10 anos de estrada,
impacta principalmente a vida das 700 mil pessoas que vivem nas pequenas e médias
cidades do entorno de sua sede, em São João del-Rei (MG), com espetáculos e oficinas
de artes.
Em 2024, se apresentou em Cuba, teve um espetáculo encenado no México e atuou em
outros três estados brasileiros, com a circulação de peças e a oferta de oficinas de arte.
No geral, foram 61 apresentações de Ọkàn, 28 do infantil A fada, a flor e a princesa, 27 de
Serestas Partidas, 10 de Partidas e 9 de Cortejo de Natal. Só o projeto Circulação Minas
Gerais levou peças teatrais e oficinas para 9 cidades, alcançando 5.200 pessoas. Já as
contações de histórias chegaram a 2.680 crianças, em 105 apresentações.
A cada semana, 2.232 alunos participaram das oficinas oferecidas em 17 lugares,
incluindo municípios, distritos e povoados que ainda nem constam no mapa. Em 2024, o
grupo também lançou sua primeira obra cinematográfica, A Santa, e realizou as filmagens
do documentário Diálogo Partidas, com previsão de lançamento para 2025.
O Teatro da Pedra faz parte do Centro Brasileiro de Teatro para a Infância e a Juventude
(CBTJI) e sua sede também funciona como Ponto de Cultura.
Programe-se!
O QUÊ: Circulação do Espetáculo Ọkàn pelo projeto SESC Pulsar.
QUEM: Grupo Teatro da Pedra.
QUANDO: de 15 a 30 de março de 2025.
ONDE: Em sedes regionais do SESC RJ de seis municípios cariocas.
Mais informações por WhatsApp:
(32) 99992-8510 (Luana Longatti) e (32) 98802-0887 (Najla Passos)
Saiba mais:
Sinopse
Quem é a sua mãe? E o seu pai? E a sua avó? E a avó da sua avó? De onde ela veio?
Que país? Que continente? Você já parou para pensar nisso?
Ọkàn conta a história de uma família negra vivendo no interior de Minas Gerais: avó, pai e
filha. A menina, ao sentir a proximidade da partida de sua avó, mergulha em uma viagem
em busca da origem, dos costumes e da cultura de seus ancestrais africanos.
Ficha Técnica
Direção e dramaturgia: Juliano Pereira
Elenco: Elis Ferreira, Fernanda Nascimento, Gustavo Rosário, Priscila Mathilde, Soraia
Santos e Héricles Gomes
Músicos: Guilherme Teixeira e Tales Barbosa
Figurino: Ateliê Pano de Roda com Olívia Lima
Cenário: Teatro da Pedra
Iluminação: Teatro da Pedra