As ações formativas são patrocinadas pela Prefeitura do Rio de Janeiro
A Casa Poema, instituição fundada pelas atrizes Elisa Lucinda e Geovana Pires, oferece o projeto Versos de Liberdade com oficinas gratuitas de poesia falada entre os dias 20 de outubro e 19 de dezembro. As ações formativas, que se encerram com a apresentação do espetáculo Perigosas Damas, serão ministradas por Geovana Pires, idealizadora do projeto. Além de participarem das formações, as mulheres também poderão estar em cena na peça que tem como ponto de partida o livro ‘Histórias de um silêncio eloquente’ de Thaís Dumêt, no qual extraiu histórias do início do sistema prisional para mulheres no Brasil, que data do início do século XX.
As oficinas são uma contrapartida do Projeto Versos de Liberdade que teve o patrocínio da Prefeitura do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, e acontecerão nos dias das apresentações do espetáculo, das 14 às 18 horas. A Casa Poema, realizadora do projeto, também é a responsável por promover as ações educativas. O objetivo é capacitar profissionais a demonstrar e desenvolver a utilidade da palavra e da poesia dentro da vida cotidiana, além de resgatar a literatura brasileira na memória dos participantes e na prática do dizer poético, com ênfase nos escritores de língua portuguesa.
Elas também visam fortalecer a autoestima, autoconfiança e poder de comunicação dos participantes, estimular o sentido, o enredo, a história contida dentro da poesia, e resgatar a oralidade poética como prática educativa.
O espetáculo, que estará em cartaz nos espaços populares da cidade do Rio de Janeiro, tem dramaturgia assinada por Geovana, Elisa Lucinda e Denise Stutz, com realização da Companhia da Outra e produção da Paragogi Cultural. A peça é fruto de uma intensa pesquisa, inclusive dentro de penitenciárias onde a idealizadora realizou projetos sociais como sócia da Casa Poema, junto com Elisa Lucinda, e contou com o reforço criativo da direção de Denise Stutz e Soraya Ravenle como diretora musical.
Geovana aborda o sexismo, a opressão e, sobretudo, a liberdade por meio de vivências femininas reais do passado, mas que se assemelham com a realidade atual de muitas mulheres. “Ao longo da história da civilização humana foram criadas leis e mecanismos de contenção para que, independentemente da cor e da classe social, as mulheres fossem encarceradas em manicômios, conventos e sistemas prisionais por serem sexualizadas, lésbicas, extrovertidas, inteligentes, terem repulsa sexual ao marido, praticarem a cartomancia, prostituição, etc.”, analisa Geovana.
Ela aponta ainda que o espetáculo lança mão da narrativa poética para ajudar a contar essas histórias. Ainda segundo Geovana, na Casa Poema, instituição que há décadas trabalha em diversas camadas sociais usando a poesia como ferramenta de ensino, são ministradas aulas para vários setores da sociedade como quilombos, pessoas em medida socioeducativa,, população de rua e população trans.
“Esse espetáculo é fruto da experiência, minha e de Elisa Lucinda, de quase duas décadas trabalhando com toda essa diversidade. A poesia entrou na peça se encaixando com a minha história na Casa Poema, onde trabalhamos com as mulheres privadas de liberdade através da poesia falada. O processo de ensaio foi muito intenso pois não estamos falando só delas . Eu também me vi nelas. E assim, fomos construindo a dramaturgia durante os ensaios. E foi lindo por ter sido uma junção de várias mulheres com vivências diferentes”, conta Geovana.
Pensando em levar mais acesso à cultura para mulheres, principalmente aquelas que estão em situação de vulnerabilidade, o projeto prevê apresentações voltadas exclusivamente para mulheres. Desta forma, ao resgatar essas vidas femininas, Geovana apresenta também versões em rap de alguns poemas de Elisa Lucinda, que foram musicados por Soraya Ravenle, que evidenciam o quanto a liberdade feminina frustrava o Estado na tentativa da limpeza moral e racial a que o Brasil foi submetido.
Com uma equipe feminina em sua maioria, a peça tem como propósito uma narrativa vista sob a perspectiva das mulheres ao dar vida à personagens reais, resgatando histórias respaldadas em ampla pesquisa, que contribuem para a compreensão sobre o feminismo nos tempos atuais. Para o projeto, Geovana convidou Denise Stutz que assume a direção e afirma ter sido desafiador trazer para a linguagem teatral histórias tão trágicas de uma forma que aproximasse a plateia independente do gênero.
“Pensarmos juntas em uma nova maneira de viver em uma sociedade mais igualitária. Tentamos inventar uma narrativa poética com o auxílio do rap junto com o funk trazendo a periferia, que é de onde começa a história da Geovana. A tese é uma escrita que defende e afirma suas certezas, por isso o meu desafio foi ‘desafirmar’ para perguntar, sem que tenhamos certeza de nenhuma resposta”, afirma a diretora.
Ao lado de Denise está a atriz e cantora Soraya Ravenle assinando como diretora assistente e musical, que reconhece a liberdade abordada pela peça dentro do processo criativo do projeto.
“É libertador você se abrir para ouvir o outro. Uma coisa que me fascina muito é o trabalho de um coletivo no teatro. Eu imagino que quando um homem senta para assistir a um espetáculo sobre o universo feminino também estamos falando sobre o masculino. No texto fica bem nítido o patriarcado em que a gente vive. Não é sobre criticar apenas, mas sobre criar um novo olhar”, aponta Soraya.
A dramaturgia teatral conta com as poesias de Elisa Lucinda que é dirigida por Geovana nos espetáculos ‘Parem de falar mal da Rotina’ – sucesso de público há 20 anos e ‘A paixão segundo Adélia Prado’. “Eu acho que a humanidade não se deu conta ainda no processo de escravização que o feminino sofreu.”, declara Elisa.
“Eu estou envolvida no espetáculo antes mesmo da sua concepção, pois eu participo do livro da Thaís com alguns poemas meus, além do prefácio. Eu acho que a humanidade não se deu conta ainda no processo de escravização que o feminino sofreu. São inúmeras camadas de prisões femininas que vão desde limitações psicológicas, sexuais, autopunição, infelicidades em benefício ao homem, abuso da mão de obra da mãe dentro de uma casa, etc. Na verdade, esse espetáculo é um manifesto de antifeminicídio”, acrescenta Elisa.
SINOPSE
‘Perigosas Damas’ exalta a liberdade ao resgatar histórias do início do sistema prisional feminino no Brasil, que principia em meados do século XX, quando mulheres eram encarceradas em manicômios, conventos e sistemas prisionais por serem sexualizadas, lésbicas, extrovertidas, inteligentes, terem repulsa sexual ao marido, praticarem a cartomancia, prostituição, etc. Neste solo, baseado no livro ‘Histórias de um silêncio eloquente’ de Thaís Dumêt, Geovana Pires reveza interpretações de vivências reais com versões em rap de poemas de Elisa Lucinda que abrem portas para a reflexão sobre a igualdade de gênero.
SOBRE A CIA DA OUTRA
A Companhia da Outra foi criada em 2007 pelas atrizes e dramaturgas Elisa Lucinda e Geovana Pires e desenvolve um pensamento cênico fruto da larga experiência que esta companhia teatral tem de explorar a força dramatúrgica das obras poéticas. Sua investigação caminha por uma linguagem baseada na premissa de que do conteúdo é que brotam as formas e as escolhas estéticas. A Companhia assina os espetáculos, Parem de Falar Mal da Rotina, A fúria da Beleza, A Natureza do Olhar, A Paixão Segundo Adélia Prado, Perigosas Damas, sem contar os shows musicais e poéticos por todo o Brasil e fora dele.
FICHA TÉCNICA:
Perigosas Damas – um espetáculo da ‘Companhia da Outra’
Obra adaptada do livro História de um silêncio eloquente de Thaís Dumêt
Idealização, atuação e coordenação geral: Geovana Pires
Direção: Denise Stutz
Dramaturgia: Elisa Lucinda, Denise Stutz e Geovana Pires
Direção de produção: Rafael Lydio (Paragogi Cultural)
Direção musical e diretora assistente: Soraya Ravenle
Cenário e figurino: Wanderley Gomes
Trilha sonora original: Flavia Tygel
Desenho de luz: Ana Luzia Molinari de Simoni
Pintura de arte: Paulo Pinto
Coordenação de comunicação: Daniel Barboza (incerta)
Produção executiva: Liliane Miranda
Assistente de produção: Eduardo Brandão
Costureira de figurino: Selma Franklin
Controller: Taís Espírito Santo
Gestão financeira e Prestação de contas: Carol Villas Boas | Clareira
Assessoria de Imprensa: Alessandra Costa
Idealização: Instituto Casa Poema
Realização: Companhia da Outra
Produção: Paragogi Cultural
Patrocínio: Prefeitura do Rio – Secretaria Municipal de Cultura
SERVIÇOS:
Oficinas de poesia falada – Perigosas Damas
20 a 24 de outubro, das 14 às 18h – Areninha Jacob do Bandolim – Praça do Barro Vermelho, s/nº – Praça Geraldo, Rio de Janeiro – RJ
Apresentação do espetáculo dia 24 de outubro, às 18h
27 a 31 de outubro, das 14 às 18h – Areninha Terra – R. Marcos de Macedo, s/nº – Guadalupe, Rio de Janeiro – RJ –
Apresentação do espetáculo dia 31 de outubro, às 18h
10 a 14 de novembro, das 14 às 18h – Areninha Herbert Vianna – R. Evanildo Alves, s/nº – Maré, Rio de Janeiro – RJ
Apresentação do espetáculo dia 14 de novembro, às 18h
17 a 21 de novembro, das 14 às 18h – Areninha Gilberto Gil – Avenida Marechal Fontenelle, 5.000 – Realengo, Rio de Janeiro – RJ
Apresentação do espetáculo dia 21 de novembro, às 18h
15 a 19 de dezembro, das 14 às 18h – Areninha Carlos Zéfiro – Estr. Mal. Alencastro, s/nº – Anchieta, Rio de Janeiro – RJ
Apresentação do espetáculo dia 19 de dezembro, às 18 horas
Entrada gratuita
Classificação: 14 anos
Duração: 60 minutos
Perfil: https://www.instagram.com/perigosasdamas
Formulário de inscrições: @oficina_poesiafalada | Linktree















